1.1.10

Êxodo Urbano: favela

Êxodo e' uma palavra que caracteriza o movimento de pessoas em busca de melhores condicoes de vida. Pode ser espontaneo ou forcado, mas e' dificil acreditar, geralmente, que alguem esteja saindo de seu estado natural espontaneamente. Principalmente, quando esse "estado" supoe boa qualidade de vida. Portanto, o espontaneo pressupoe uma forca por tras induzindo tal movimento.  A Inglaterra e o Brasil assistiram seus proprios exodos. Os ingleses atraves de uma revolucao, e os brasileiros atraves de uma inducao.
A chamada revolucao industrial na Inglaterra desencadeou um exodo atraves do cercamento de terras. A medida que a industria textil aumentava sua producao, a necessidade de materia-prima tornou-se imprescindivel. Por isso, todo territorio foi sendo aos poucos utilizado para o pasto, de ovelhas, para suprir as fabricas. E os camponeses que ali viviam em uma economia de subsistencia, comendo o que plantavam? Muito simples; foram sendo obrigados, ou "convidados" a buscar uma nova forma de subsistencia nas cidades. Os centros urbanos tornaram-se polos de atracao de trabalhadores, ou simples famigerados, lutando por sua sobrevivencia. Um campones que vivia da terra, geracao apos geracao, que  de repente se via jogado na cidade, nao tinha muita escolha. Era automaticamente aliciado ao trabalho fabril sem direitos trabalhistas, sem nada. O Estado do "bem-estar" era algo impensavel na epoca, e a melhor opcao era realmente tornar-se um "bom selvagem" de Rousseau. Trabalhar 10, 12, 14 horas por dia era praxe, afinal esse era o sistema. Ninguem reclamava, pois era algo ja' existente, e logico, beneficiando o explorador. O exodo brasileiro aconteceu no Rio de Janeiro. A classe media chegou a um ponto que nao poderia dividir o mesmo espaco com os trabalhadores subalternos, classe inferior. Inconscientemente, o governo acabou ajudando, ao nao tomar nenhuma atitude, e assim foram criadas espontaneamente as favelas. Os pobres foram aos poucos se aglomerando nos morros, fugindo da especulacao imobiliaria. A  curiosidade era que onde o Estado nao se fazia presente para ampara-los, depois do movimento aos morros,  se fez menos ainda. O movimento anarquico estava consumado, e portanto, uma micro-sociedade regida por suas proprias leis, formada por iguais, estava construida. Chegando ali, o trabalhador tinha duas opcoes: participar ativamente ou ignorar passivamente o trafico de drogas. Era uma revolucao social autonoma dentro da grande cidade. E muitas criancas queriam fazer parte dessa historia, escolhendo a primeira opcao. De uma certa forma ou de outra, existia um aliciamento natural nas favelas. O bom selvagem facilmente se transformava no "Leviata" de Hobbes...

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Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
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Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
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Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
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Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".