14.3.09

Baratas: morram!

Cassandra estava na clausura. Sabado a noite, quando todos estavam se divertindo, ela resolveu fazer seu programa cultural solitario favorito. Geralmente, suas clausuras, ou reclusoes sociais eram justamente nesses momentos; se sentia totalmente fora de contexto, e automaticamente se alienava. Nada melhor do que o "combo" de fim de semana: filme + livro. O filme se chamava "A mosca" e o livro a "Metamorfose" de Franz Kafka. Essa noite foi uma sequencia "cultural" tao nojenta que marcou a vida da moça. O mais interessante e' que nessas horas, por melhor que o filme ou o livro sejam, o que ficou marcado na memoria foram as cenas mais fortes. No final, nao aproveitou nada, principalmente do livro... Da "mosca" lembra do homem sentado ao balcao de uma lanchonete que ao pedir cafe' ao atendente, nunca esta' satisfeito com a quantidade de açucar. Coloca mais, mais e mais... Depois sua pele derretendo, e a sequencia de nojeiras. Da "metamorfose", a cena marcante e' quando a mae se dirige ao quarto de seu filho para lhe levar uma maçã, mas e' surpreendida por um fenomeno. Ao abrir a porta encontra uma criatura metade humana, metade barata. Era seu fillho se transformando naquele inseto! De imediato joga a fruta naquela "coisa". Entretanto, a proxima cena e' a maçã pregada nas costas do menino! Bem, essa foi a lembranca que tirou do livro de Kafka; deve ser a degradacao humana. Ufa, terminada a sequencia cultural daquela noite, Cassandra vai se deitar. Mas antes disso, encontra um exemplar da revista Superinteressante. Uma reportagem sobre barata; so' pode ser perseguicao, pensou. A leitura realmente foi um aprendizado enorme. Principalmente saber que no periodo noturno, ou seja, quando dormimos, baratas caminham sobre nossos corpos ate' chegarem a nossas narinas para se alimentarem de nossas secrecoes e labios, e felizes, tambem dormirem. Nao! Fechou a revista foi escovar mais uma vez os dentes, lavar bem o rosto e se jogou na cama, bem fechadinha nas cobertas. No meio da madrugada, o pesadelo tornou-se realidade. Acordou de supetao, sentiu algo beliscando sua perna... nao! Era uma barata no meio do seu percursso! Regininha nunca mais conseguiu ler Kafka.

Um comentário:

  1. Huahahuauhahu

    Ler Kafka é o mínimo... Dormir, então, será um martírio diário.

    ResponderExcluir

Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
____________________________________________

Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
____________________________________________

Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
____________________________________________

Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".