9.4.09

Semana de Arte Moderna

Era um momento especial na historia brasileira que ficaria marcado para o resto de nossas vidas, ou pelo menos, pelo resto das vidas de um grupo seleto de pessoas que se diziam "modernas" e "autenticas": a Semana de Arte Moderna. Garcia tinha sido convocado pelo Partido para participar como "observador", pois no dia primeiro de maio estariam inaugurando o Comite Central Comunista no Brasil. Como a verba era curta para mandar um membro do Partido para a patria-mae fundadora do movimento revolucionario, Uniao Sovietica, e ate' entao, no pais nao existia nenhum ponto de referencia comunista, os camaradas ainda tinham que aprender com os burgueses brasileiros a instaurar um movimento "internacionalista". Que triste fim, imaginou de imediato o Garcia. Principalmente quando recebeu as instrucoes previas para se preparar, 5 dias antes do coloquio. Tinha que pesquisar sobre a vida do diplomata Graca Aranha, e ler seu livro chamado Canaa, pois ele estaria fazendo o discurso de abertura. Entretanto, no percurso de suas leituras foi descobrindo que tudo parecia mais internacionalista do que aparentava; o veu nacionalista era o lado populista, e como sempre, todo movimento - e o burgues nao poderia deixar de ser diferente - era, pelo menos, universalista. O Garcia se colocou na pele daquele diplomata engravatado que passou mais da metade de sua vida fora do pais, que escreveu um fabula de um imigrante alemao no sudeste do pais, e que vem fazer um discurso de abertura da "Semana de Arte Moderna", falando de "Antropofagia", e sei la' mais o que... Dizer que o Brasil tem que se voltar para "dentro de si", criar vontade propria, etc.... Existe mais contradicao do que isso?! Garcia olhou a programacao na cartilha e viu algo interessante: um tal de "coffee break". Opa, deve ser comida com cafe'. Vou encher a barriga e sair fora, pois estou de saco cheio desse papo de "Arte Moderna". Saiu do Teatro e avistou um jornal no chao: estava escrito 1922.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
____________________________________________

Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
____________________________________________

Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
____________________________________________

Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".