10.2.10

Manual de Sabotagem: introdução

A introducao de maquinas nas fabricas durante a revolucao industrial foi um processo lento e doloroso para os trabalhadores. Primeiro porque substituia o trabalho manual pelo mecanico, e principalmente porque diminuia drasticamente o numero de trabalhadores nas fabricas. Isso gerava mais lucros para os capitalistas, e tambem lhes dava mais poder de compra de "estoque humano". Ou seja, os empresarios podiam pagar menos, logicamente porque a oferta de trabalho estava diminuindo. A mesma fabrica que antes empregava 500 trabalhadores, agora emprega somente 250. O que faziam os desempregados, entao? Caiam literalmente na rua da amargura. Dai' surgiu a palavra "sabotagem" que e' derivada de "sabot", tamanco ou sapato em frances. Esse movimento surgiu inesperadamente na Franca, quando os trabalhadores alienados jogavam seu sapatos na engrenagens das maquinas, provocando a quebra, e logico, perda de lucros. Garcia foi convocado para fazer um servico de sabotagem moderna, ou guerra de inteligencia. Teria que trabalhar na cozinha de um restaurante durante um ano para escrever um manual de como acabar com o lucro alheio atraves da exploracao capitalista. A intencao era fazer um compendio de acoes pontuais para destruir um empreendimento capitalista, no caso um restaurante. Essa ideia era da ala mais radical do partido. Garcia foi contratado para trabalhar como cozinheiro. O plano seria primeiramente ganhar a confianca do patrao. Isso seria ate' natural, pois dentro do processo de supervisao de seu trabalho, ele estaria dando sempre o exemplo de perfeicao. Por exemplo, a condicao sine qua non de qualquer empresario e' a maximizacao dos lucros, cortando os custos. Na preparacao de sanduiches existia uma tabela. Tres roledas de tomate, uma colher de cha de maionese, duas fatias de bacon, e uma folha de alface. A confianca seria justamente conquistada porque o patrao ao fiscalizar o trabalho de seu empregado, ficava impressionado com o desempenho perfeito da tarefa. Depois de algum tempo, quando ja' criado o elo mutuo, a fiscalizacao que antes se fazia necessaria, agora nao existe. Por que? Ele e' exemplar! Pois a partir dai' que o terrorismo comecava. A unica condicao do manual seria que todo ato terrorista seria provocado em beneficio do consumidor. Aquele mesmo sanduiche que tinha um custo de producao de 5 Reais com as mesmas rodelas de tomate, continuava o mesmo preco. Mas, agora, poderia variar de acordo com o humor do terrorista. Mas como quase sempre estava mal-humorado, agora, o mesmo valor acomodava 8 rodelas de tomate, 4 fatias de bacon, 1 colher de sopa de maionese, e 3 folhas de alface. Virava um super sanduiche pelo mesmo preco final ao consumidor. O patrao veria seus clientes felizes, sempre comprando mais, mas nao entenderia porque seus lucros estariam diminuindo! O exemplo acima citado foi somente uma das acoes pontuais que Garcia estaria realizando para escrever o "Manual de Sabotagem" do Partido Comunista. Outras serao desenvolvidas no decorrer de seu trabalho naquele restaurante.

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Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
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Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
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Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
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Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".