22.7.09

Afrodite

Mais uma noite de malhacao no morro. Napo estava descendo a ladeira ao lado de sua amiga Pedrita, depois de muita viracao, cachaca, po', crack e maconha prensada para rebater. Queriam ver o nascer do sol na pedra do Arpoador. No caminho, bateu a paranoia. Avistou uma mulher absurdamente linda, parada numa esquina. Mini-saia, salto-alto, bolsinha a tira-colo. Puxou Pedrita pelo braco e comentou: aquilo ali e' encrenca... e' informante da Policia. Pedrita, na hora replicou. Que onda mane'! Aquilo ali e' a Afrodite. 300 Reais a hora, caixa alta! Ta' maluco, mane', tu ta' e' na noia de novo! A mulher realmente chamava a atencao por sua beleza exuberante e charme. A cada 5 minutos um carro parava, mas nenhum alcancava o preco... Napo nao estava conformado. Se aproximou da "coisa" de supetao e foi logo encarando com os olhos arregalados, tipicos de quem estava "noiado". Ei, voce esta' aqui por alguma razao. Um carro parou entre os dois, e ela entrou em seguida. A conversa nao pode ser terminada. 3 horas depois, o rapaz ja' estava em casa matando o tempo antes de tomar os comprimidos de Lexotan para dormir. Sua leitura de cabeceira do momento era "Eu, Cristiane F., 13 anos, drogada, prostituida". Estava no capitulo em que a menina ainda estava nas pilulas... Coitada, pensou Napo. Foi lendo, lendo, lendo, mas ele ja' sabia o final da historia, pois ja' tinha visto o filme. Queria somente ter mais detalhes. Maldita heroina, feita do opio. A cada pagina lida jogava um comprimido de Lexotan na boca. A menina chegava em casa todo dia, e se trancava no quarto. Quanto tempo ate' sua mae descobrir o estrago? De quem e' a culpa? Ihhh, estou comecando a entrar na "noia" de novo. Foda-se! Encheu a mao de compridos, e dormiu pelas proximas 20 horas. Acordou sem fome para variar, mas foi ate' a padaria da esquina tomar, pelo menos, um cafe' com leite. Ele parecia um morcego jogado na luz; encolhido, se protegendo das luzes que refletiam no seu corpo. Chegando no balcao da padaria, pede seu cafe' e fica observando o movimento dos carros da rua em frente. Quando menos espera, avista a mesma Afrodite saindo da garagem de um predio luxuoso de classe media alta da cidade. Era uma mulher muito bonita, altamente persuasiva e extremamente sedutora. Diz a mitologia grega que Afrodite foi filha de Zeus. Ele jogou seus testiculos no mar e da espuma das ondas, nasceu a menina...

Um comentário:

  1. Napo e Afrodite no reino milenar, onde um simples pecado pode levar à destruição eterna?
    Adorei quando voce não disse que era loira, a afrodite sainda da garagem.

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Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
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Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
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Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
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Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".