27.12.08

Republica Guarani

O marido, a mulher, as criancas; todos dormian juntos no mesmo comodo, muitas vezes ate' abracados na mesma cama. Algo normal quando existe uniao e amor no nucleo familar. O quintal era cenario de revista de jardinagem, ou do estilo faca "voce mesmo". Era quase uma economia de subsistencia, nao fossem as roupas, sapatos, itens de higiene pessoal, bens de primeira necessidade, resultado do capitalismo primitivo. Alfredo e sua esposa nao dependiam, por exemplo, de nenhum meio de transporte. Alias, por viverem absolutamente do essencial, nao precisavam de muita coisa do que ja' tinham. Por isso, nao tinham muitos conflitos existenciais, ou angustias em suas vidas. Parece complicado, mas a idea de superfulo nao fazia parte de seus imaginarios. Ele trabalhava segunda e terca na feira livre local. Ela trabalhava quarta e quinta no mercado de artesanato. Para ambos, o restante da semana era tambem muito feliz e consistia em tarefas como ajudar as criancas no dever de casa, cuidar da horta, do galinheiro, da vaca leiteira, fazer pequenos reparos, fazer artesanato, rendas, etc. Outro dia, sua filha chegou do colegio, e perguntou ao pai se ele ja' tinha ouvido falar de um filosofo chamado Platao, e o que tinha escrito sobre uma tal de "Republica". Um pouco preocupado, pois sua filha poderia estar aprendendo coisas erradas, queria saber do se tratava essa questao. A menina de 10 anos disse que o filosofo previu que a divisao do trabalho em tarefas e papeis especificos traria maior produtividade, e com isso cada pessoa poderia, dessa forma, dedicar-se a uma unica atividade, e com o fruto de seu trabalho, trocar e obter o restante para sobreviver. Alfredo nao conseguia acreditar no que estava ouvindo, especificamente saindo da boca de sua filhinha de 10 anos de idade! A menina, certamente, estava se rebelando contra o sistema milenar praticado de geracoes em geracoes, desde seus mais antigos antepassados! Ja' estava visualizando cavalos alados com guerreiros em suas armaduras sagradas trazendo violencia, corrupcao, inveja, e pior, a sifilis! Mais ainda, trazendo fabricas com linhas de producao em larga escala, pagando salarios, sindicalizando os trabalhadores... Alfredo estava agitadissimo, saiu correndo, e foi comprar um "Mac Lanche Feliz" para sua filha.

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Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
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Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
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Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
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Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".