14.12.08

Quase-deportacao

Semana passada, na minha quinta entrada consecutiva em Nova York, fui sorteado na loteria, e chegou a hora de ser levado a sala do "Department of Homeland Security" e sofrer as humilhacoes de praxe. Logo na primeira etapa da vistoria, nos fundos do predio do aeroporto JFK, a primeira comparacao que me chega a mente sao os postos do DETRAN no Brasil. Varias pessoas sentadas e esperando serem chamadas para, entao, se dirigirem ao balcao. Nao sei porque nao passei por essa etapa. Alguma coisa devia estar errada; pensei comigo mesmo. Olhei para os lados. Meu processo teve no total 4 etapas: sentado, sala com divisorias de vidro, sala completamente fechada, sentado. Como um "cachorrinho" mesmo... Que desgracados! Eu acho que naquele momento eu era o unico "latino" na sala. O restante era formado por paquistaneses, indianos, arabes etc. Eu estava invocado com a sala fechada, e pensando o que eles iam fazer comigo ali... E lembrei do filme "Maria, cheia de graca", onde uma mulher "latina" aceita cruzar a fronteira cheia de papelotes de cocaina na barriga. Serah que eles pensam que eu estou "cheio de graca"?!?!? Nem tanto, eu jah estava entrando em paranoia. Enfim, etapa dois, "stand up", comecam a revistar minha mala, retiram tudo, camisetas, sapatos, alguns presentes, etc. Pensando comigo mesmo: como seria bom ter colocado uma meia bem suja e fedorenta naquele momento! Obvio que seguido dessa delicada vistoria vieram mais "educadas" perguntas referentes ao meu status de turista, e minhas multiplas entradas e prolongadas permanencias. O mais engracado eh saber que tudo isso foi absolutamente dentro da legalidade, no quesito permanencia no territorio americano, alem de que obtive visto de entrada emitido pelo embaixada do pais que aqueles mesmos oficiais estavam me indagando. Em um determinado momento, eu me senti tao em casa, no caso, Brasil, que o oficial, ateh ficou irritado, e disse para eu baixar o tom de minha voz porque aquilo poderia me causar problemas. Mas eh claro que me senti no Brasil, pois aquele "oficial" nao sabia de nada! Bem, final das contas, como se estivera no Brasil, como um bom rapaz, pedi desculpas para nao levar porrada na cara, e passei para a proxima etapa: "sit down".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
____________________________________________

Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
____________________________________________

Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
____________________________________________

Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".