31.5.09

My Bloody Valentine + Dormonid

Um mes depois da frustada tentativa de suicidio, ja' no seu apartamento em Brasilia, Cassandra recebeu um email: "Em todo Orkut, não é permitido incitação ao suicídio; seu perfil está banido da comunidade bipolar. Entre em contato por recado para sugestões ou reclamações. Guerreiro, Moderador." A moca frequentava uma comunidade chamada Transtorno Bipolar do Humor para trocar experiencias. Sua historia veio a torna-se publica na referida comunidade, mas por ironia do destino, causou sua expulsao, pois no entender do moderador, podia incitar os outros membros bipolares a cometer suicidio. Cassandra pensou: Nossa, que poder eu tenho. Incitar as massas? Eu so' queria me matar! Aquilo foi demais para ela. Queria somente ser deixada em paz. Depois, ficou com muita confusao mental, andando de um lado para outro dentro de seu quarto, sem parar por 1 hora, perdida no tempo e espaco. Tinha que espairecer, alienar-se desse mundo. Sempre mentalizava: "Quero ir, quero partir...". Para tanto, precisava escutar "My Bloody Valentine" e se entupir de sanduiche no "Sky's" da 306 Sul para se "auto-flagelar". A musica era o hino sagrado antes, durante, e depois do ritual de regressao de introspeccao mental para sentir-se mal e deprimida. Tinha que comer o maximo possivel, com muito gordura e oleo, pois tinha dois efeitos para denegrir mais ainda seu estado. Fazer-se e sentir-se gorda, fazer-se e sentir-se com a cara cheia de espinha no medio e longo prazo. Geralmente, os efeitos aconteciam de forma ate rapidas, pois ela sempre pedia porcoes extras de bacon, ovos fritos, queijo derretido, milk shake, etc. Depois de comer quantidades impressionantes para seu porte fisico, entrou no carro, e percorreu os 14 quilometros do eixao de norte a sul, suficientes para escutar as musicas "Come in Alone", "Only Shallow", e ficar repetindo a "When you sleep" do album "Loveless". Nao satisfeita, ou precisando de algo mais, parou na rua das farmacias e comprou uma caixa de Dormonid. Dizem que as coisas nao acontecem "assim", tao planejadas. Quando se tem a "predisposicao" para algo, "pode" acontecer cedo ou tarde. A questao esta nas maos dos medicos psiquiatras e dos medicamentos. E da forca do paciente tambem, em tentar lutar contra a doenca. Enfim, Cassandra, tinha uma receita no bolso e comprou sua caixinha. No trajeto de volta foi tomando comprimido por comprimido ate' terminar todas as cartelas, degustando a sensacao e a musica "Quando voce dorme". Chegou em casa, sozinha; fechou-se no quarto, de luzes apagadas.

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Personagens

Cassandra: tradutora que trabalha para importante editora especializada em livros de biografia e historia. Ela e' o tipo de pessoa que nao consegue se encaixar numa vida social normal; encontra, muitas vezes, no isolamente, sua fulga, e nos livros seu refugio.

Cassandra: a translator who works for an important publisher specialized in biography and history books. She is the kind of person who cannot fit in a normal social life; she finds, most of the times, in self-confinement,
her scape, and in books, her refuge.
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Napo: ex-filho de militar e roteirista de cinema cuja vida foi acabada pelo alcool e drogas. Esta' em constante conflito interno consigo mesmo: perturbado, afetado. Atualmente, vive de pensao do sindicato.

Napo: ex-military-kid and film screenwriter whose life was ruined by alcohol and drugs. He seems to be always in a long-lasting and permanent state of self-conflict. Nowadays, he lives from the Union's financial support.
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Garcia: cobrador de onibus e membro ativo do partido comunista. Possui ampla biblioteca particular sobre o tema, tornando-se inclusive referencia partidaria. As vezes, seu fanatismo torna-se tao paradoxo que passa a ser ate' mesmo romantico.

Garcia: bus driver and member of the communist party. He became a political reference in the party due to the large collection of books in his private library. Such a fanatic with paradoxical ideas that sometimes he is called "The Romantic".
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Franz: editor de guia artistico-cultural. Participa de projetos pelo mundo afora, geralmente patrocinado por ONG's para atualizar e trocar experiencias. Seu constante desafio e' nao deixar transparecer sua falta de sentimento "nacionalista".